quinta-feira, 24 de março de 2011

Vir e ir


Era uma vez um olhar, que bateu na porta e não esperava o que encontrar.

E quando veio de encontro ao meu, foi como se eu corresse devagar do súbito misterioso e perigoso olhar. Sim! Foi o olhar que chamou quase toda atenção e por inteira a tensão.

Poderia ser o rosto mal visto; poderia ser os lábios escondidos; ou viria a ser a cor da sua pele coberto de paralisação; as mãos estacionárias; os braços não muito voluptuosos; sua altura não definida; poderia ser nenhum som pronunciado; ou seu cabelo penteado bagunçadamente; ou a luz que batia nele sem deixar que eu pudesse vê-lo melhor; ou seu corpo com vestimentas bem desenhadas pela grade do outro lado em que ele se encontrava.

Mas por definição, por visão e a determinação do olhar que me fez sobressaltar do comodismo dos dias tediosos. Fez-me sentir o que achava que estava quase morto. Pois não, só estava em coma bem mais que profundo.

Fez-me ficar desnorteada em direção para qualquer outro lado que não fosse a sua para não me roubar de mim, para não derrubar o resto do castelo de cartas. Pra não intencionar nenhuma aproximação. E que nenhuma exibição de interesse recíproco fosse alertada.

Fez-me sorrir a alma. E só! Porque saberia que não o veria mais. Assim, controlei-me com a empolgação momentânea. Com o “alívio imediato”. Fazendo assim também, o corpóreo se acalentar com a paralisação forte que me pressionava naquele estado, e me impressionou...

Dizem que um olhar vale mais do que mil palavras.

Digo que aquele olhar foi a palavra que faltava no meu dicionário, nos meus textos, nas minhas frases, nos meus dias... Foi o silêncio distante que permaneceu entre nossos olhares curiosos e temerosos que fez valer mais do que quaisquer palavras (ditas e não ditas).

E foi assim que surgiu e foi-se o olhar dos meus dias.

Trilha sonora: Hello, I’m In Delaware – City and Colour

domingo, 13 de março de 2011

O pior cego é aquele que não quer ver


O que aconteceu com você para amar assim? Sei que não escolheu e também não a culpo por tentar ser feliz. Mas estava claro que o que você desejou era impossível.

As pessoas põem o “possível” nos livros de auto-ajuda, em músicas, em pára-choques de caminhões, em camisas, na TV... Você está rodeada de positivismo barato.

Eles não te ajudam a ver e analisar o que há por trás de uma frase que vem com três “não” com rudez disfarçada. Não te consolam com a letra da canção, apenas o som te faz sentir fortemente a rejeição. Eles não te param no momento em que irá cometer o que pra você é um sacrifício, e com isso vem o martírio do arrependimento. Eles não te cobrem com a chuva intensa batendo em você, só te deixam acolhida no meio da rua, com os dentes batendo no queixo. Você apenas ri insossamente porque lágrimas estão poucas e se acumulam na fonte.

E o pouco que te resta eles querem tirar. Pois você “tem” que se sentir bem, pois se não isso te fará um estrago. Mas cuidado com o que dizem, apenas sinta o que é capaz, viva a tua vida e não o que é permitido às regras do positivismo.

Foi o alvo errado (mais uma vez). Foi o pedido errado (pela primeira vez). Foi o momento errado (apenas uma vez). E quem disse que é pra sempre acertar?

O viver é a experiência declinada aos átrios. Temer é a decadência ligada ao desejo.

E sim, você se permite e sente o arrependimento. Não importa quem ele seja. Porque incrivelmente você se supera com o sofrimento e com a partida.

Você é capaz de amar onde e a alguém que não. Você é capaz de odiar sem ter que cometer crimes. Você é capaz de sofrer sem transparecer. Você é capaz de sorrir e chorar ao mesmo tempo. Você é capaz de convidar para entrarem na tua casa sem querer se expulsar. E tudo isso não é uma máscara, disfarce seja lá qual for o nome... Isso é apenas você! É a tua vida. É sobre você e não mais sobre “eles”.


Trilha sonora: Plans - Hayley Taylor

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

E agora?


Nada a pedir, nada a implorar, só a declarar.

O ato de querer apenas saber a verdade subtendida em meias palavras. Quase obrigando a falar o que você sabia. Que no fim de tudo eram palavras com meias verdades.

A sinceridade confrontada estava posta para quem seria o mais franco. O mais forte. O mais esperto. O mais saudosista. O mais cauteloso. Com tais meias verdades.

Ele, por um lado, foi tudo isso e mais um pouco. Foi à frente com a proposta não cabível no teu momento, mas aceitável ao teu pensamento. Que por dias e dias foram fumegando cada detalhe do encontro. Terrivelmente uma proposta absurda para você, quase que instantaneamente seria tomada para si. Por pouco!

Você, na outra posição, ficou surpresa pela ação bem direcionada, mas veio a seguinte pergunta: “E agora?”

Perguntas sem respostas.

Você querendo entender cada um dos atos. Indo para algum lugar que ainda pudesse observar os seus gestos inibidores. Chegando a conclusão que ao vê-lo a sensação contagiosa e reprimida se manifesta. E por ali fica, contida. Até que continua surgindo mais despertadores, como um quase desequilíbrio, o desejo de se apegar reapareceu.

Mas decidir ainda é difícil. É preocupante a você, porque intrinsecamente se conhece, e até onde é capaz de ir. Quem procura, acha.

A pergunta ainda se pronuncia: “E agora?”

E agora sem fugir do risco de fugir, sem temer o que vai ouvir, sem se preocupar com “o que vai acontecer”.

Agora, você sabe o que é planejado no querer do que não é garantido. É o mesmo que palavras ditas em pensamento.

Você preparou mundo e fundos de palavras desprazerosas para dizer a ele. E nada foi útil. Só te basta o agora.

É o que eu declaro.


Trilha sonora: High - James Blunt

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Cinquenta dias


George Bernard Shaw disse: “Existem duas tragédias na vida. Uma é perder o que o seu coração deseja. A outra é conseguir.”

Você, neste momento, convive com tais tragédias ao mesmo tempo. E quem a ver assim, agora poderá entender as palavras maquiadas e trocadas.

A primeira chega a nos perguntar: e o que ele deseja?

Um espaço de tempo e dúvidas te cercam. Deixando-te presa à condição que foi posta na mesa. Ficando presa à insatisfação das migalhas que está prestes a consumir.

Não fique cabisbaixa na hora da refeição. E se lamentando pela comida não farta e saborosa. Disponha-se de você e ele. Esteja atenta o que há entre o desejo e a perda.

O desejo de possuir e se deixar possuir, seguido da perda de ter. Desejo de olhar fixamente o alvo. Perdendo, assim, o olhar próprio. Desejo de caber no abraço largo e seguro. Mas o medo do espaço que ainda há te faz perder a segurança. Desejo dessa altitude que esse sentimento te eleva ao encontrar o olhar que tudo retém, mas nada devolve. E o coração burro, tragicamente, sente a perda que o silêncio causou.

Pois desde o ato falho, você procurou e achou o que tanto temia. Você, realmente, diferente do que acontecia se apaixonou e odiou. Você se encantou e desencantou. Você sorriu e chorou. Você não sentiu e sentiu.

Mas foi simples assim? Só quem viveu assim, é capaz de entender e sentir cada controvérsia.

Quando você conseguiu, você entrou no estágio amplo, extremo e vivo da confusão. Veja só o que está exposto. O que esta confusão faz com você. Não te deixando agir explicitamente. Deixa-te desejando se perder pra se encontrar, não em outro alguém. Pois você foi e é capaz de conseguir o que coração bata com a tua freqüência.

Mas precisa quebrar o silêncio “pentecostal”. Para desejar (mesmo que seja ele), para conseguir (mesmo que seja ele), para perder (que não seja ele).

O que Shaw não sabia era da terceira tragédia na vida. Que é justamente viver ao mesmo tempo as duas.

Agora você volta pra si. Até que chegue outro eu. Tragicamente!


Trilha sonora: 30 days - NeverShoutNever

sábado, 29 de janeiro de 2011

Três perguntas


Inconscientemente você age para agradar a quem?

Você está tentando se redimir, por aquele erro que você considera bobo?

Você quer impressionar tentando exibir para quem não te olha que tudo está bem, com aquele suposto sorriso bem ensaiado?

Ou você está rindo durante o dia para não demonstrar os olhos inchados das noites com chuva?

Quando você o vê o que sente é verdadeiro? Ou simplesmente será como uma boa canção?

O que dizer a ele quando o olhar não está direcionado a você?

O que demonstrar para ele se o seu agir é duvidoso?

Mas no que acreditar?

Você está procurando entender toda a situação? Ou quer se situar em quem te procura?

As palavras não ditas valem ainda alguma coisa?

O que você realmente quer (é) está neste ponto?

Será que está respirando o ar necessário? Ou o que você necessita não é ar?

Será que ainda não aprendeu a lição carregada nessa mala trancafiada e farda?

Por que você segura o teu coração? Ou ele te segura para não tropeçar e cair?

Você tem medo?

Está disposta a esse risco de ouvir a música e não conseguir parar? Ou “há um muro de Berlim” em você?

Talvez!

“Para ver o arco-íris, aprenda a gostar da chuva” – Paulo Coelho

Trilha sonora: The Pieces Don’t Fit Anymore – James Morrison


P.S.: Desculpa por sumir, pra escrever preciso viver. XOXO

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Antes cedo, do que tarde!


Uma única imagem o suficiente para o teu novo mundo desabar, antes mesmo de construí-lo. E isso é horrível e vergonhoso pra você.

Como encarar a si mesmo depois do que foi visto, do que foi lido... Antes estava na sua mente planejado e desejado. Enfrentando as críticas que foram em vão pela espera, mas foram críticas verdadeiras que você não quis sequer está disposta a aderi-las, para o teu bem.

Estamos sujeitos a pessoas que te fazem esperar por causa de uma garantia não garantida. Que te fazem querer o que muitos dizem não. Que te fazem confiar mesmo quando o passado dele reproduz atos desconfiáveis, algo pra você não cair, e que deveria ficar com o pé atrás.

Pior mesmo, é você ter feito a ilusão de um alguém que ele não é, de que ele estaria e voltaria por você. Que o seu coração ele poderia recuperar. Pois só batia por ele (até) agora. Que seus pensamentos seriam salvos. De velhos naufrágios.

O que te fez pensar que ele seria “aquele”?

Hoje, você cansou de pensar nele, e de sentir a sua falta. Você precisa dele longe. Por mais que ele seja carinhoso, e que o sorriso dele cobria os teus lábios. Hoje, ele só faz te lembrar que o quanto você precisa tomar mais conta de você. Faz-te acreditar mais em si, do que nas palavras e momentos ocos. Tudo isso eram os ecos do que estaria por vir.

Hoje você reaprendeu uma lição. Vá com calma! Pois o que você ver (ou viu) é mais do que você quer ver.

Veja que não é do vazio que te faz viver. Que você precisa do completo concreto de alguém. Não é a ilusão que te faz enxergar. Você vê o que está estampado nos acontecimentos. Ele não é quem vai te salvar. Ele não é “aquele”. Não é a garantia que te faz ser de alguém. Mas compromete cada pensar.

Aí você se consola: “Antes cedo, do que tarde.”

Porque seu novo mundo vai ser feito mais do que por garantias, mais do que carinhos, sorrisos, palavras, momentos. Será feito de você. E aquele que apenas quer te ajudar. Que apenas te ver. Que o antes e nem o depois importará. Pois aquele momento será raro e valioso como o que vocês sentirão.


Trilha sonora: We are broken - Paramore

domingo, 28 de novembro de 2010

(L)


O tempo é uma armadilha. O que se envolve com ele está no mesmo caminho.

Quando você passa por situações que parecem que é o fim de tudo, alguém vem e te diz: “isso vai passar com o tempo.”

E como eu discordava... Mas, até agora, não foram ditas frases mais coerentes como essa.

Estar dentro desse tempo seria como testar você. Seria como querer te destruir. E passar por esse tempo é como um alívio de quem sai do fundo de uma piscina, sem respirar por 3 minutos. É como sorrir da tristeza que foi instalada.

As oportunidades que foram desperdiçadas são, para que, da próxima vez você possa olhar para os dois lados antes de atravessar a rua.

Principalmente quando você está com a faca e o queijo na mão.

Ele, por só 10 minutos foi seu. E você o que fez quando ele disse: “Ok, vamos nos conhecer melhor!”?

Saiu correndo com o medo de ser atropelada por esse estranho. E só conseguia ver quem (quase) estava te esperando do outro lado.

Quando você descobre que o alguém desejado, conseguiu utilizar a oportunidade de uma tentativa promissora, você apenas colhe os ombros e a cabeça cabisbaixa de como tola foi.

Então pensa de que fugiu de um “atropelamento”. E nem quis olhar para os lados. E pensa mais um pouco em saber quem estava no (quase) acidente.

E quando você procura por ele, já é tarde. A carona está (quase) ocupada.

E você põe culpa em quem você deu o teu tempo e que não merecia. E a culpa também vai para o tempo e teu coração. Que foram traiçoeiros.

No tempo em que teu coração estava ocupado, outro alguém aparecia para realmente te fazer utilizar todo o tempo (in)disponível; a fazer com que aquela oportunidade valesse a pena; e mais ainda te fazer parar e olhar, e sentir que não seria um acidente, e sim aquele encontro (in)esperado.

O encontro que faria aquela corda bamba ficar firme no chão; que os sorrisos “à toa”, não seriam à toa, seriam porque ele estaria ao teu lado; faria com que a sua mão fria e suada seria mais do que o nervosismo e ansiedade, seria a falta da presença da mão dele segurando a tua; faria as borboletas no estomago estarem por toda parte; o brilho no olhar seria mais do que o encantamento, seria claridade que ele traria para os teus dias; o coração acelerado seria mais do que o sentimento entre os dois, seria os dois dando pulsação como um desfibrilador em cada encontro.

E principalmente, um para o outro, não se deixariam abraçar as armadilhas como velhas conhecidas. Pois seus (a)braços estariam ocupados.