Era uma vez um olhar, que bateu na porta e não esperava o que encontrar.
E quando veio de encontro ao meu, foi como se eu corresse devagar do súbito misterioso e perigoso olhar. Sim! Foi o olhar que chamou quase toda atenção e por inteira a tensão.
Poderia ser o rosto mal visto; poderia ser os lábios escondidos; ou viria a ser a cor da sua pele coberto de paralisação; as mãos estacionárias; os braços não muito voluptuosos; sua altura não definida; poderia ser nenhum som pronunciado; ou seu cabelo penteado bagunçadamente; ou a luz que batia nele sem deixar que eu pudesse vê-lo melhor; ou seu corpo com vestimentas bem desenhadas pela grade do outro lado em que ele se encontrava.
Mas por definição, por visão e a determinação do olhar que me fez sobressaltar do comodismo dos dias tediosos. Fez-me sentir o que achava que estava quase morto. Pois não, só estava em coma bem mais que profundo.
Fez-me ficar desnorteada em direção para qualquer outro lado que não fosse a sua para não me roubar de mim, para não derrubar o resto do castelo de cartas. Pra não intencionar nenhuma aproximação. E que nenhuma exibição de interesse recíproco fosse alertada.
Fez-me sorrir a alma. E só! Porque saberia que não o veria mais. Assim, controlei-me com a empolgação momentânea. Com o “alívio imediato”. Fazendo assim também, o corpóreo se acalentar com a paralisação forte que me pressionava naquele estado, e me impressionou...
Dizem que um olhar vale mais do que mil palavras.
Digo que aquele olhar foi a palavra que faltava no meu dicionário, nos meus textos, nas minhas frases, nos meus dias... Foi o silêncio distante que permaneceu entre nossos olhares curiosos e temerosos que fez valer mais do que quaisquer palavras (ditas e não ditas).
E foi assim que surgiu e foi-se o olhar dos meus dias.
Trilha sonora: Hello, I’m In Delaware – City and Colour
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